16/12/2024

Cura Talks Breast é destaque no Portal Drauzio Varella ao discutir representatividade racial nas pesquisas clínicas em oncologia

O Cura Talks Breast, evento realizado pelo Instituto Projeto CURA, foi destaque no importante portal médico do Drauzio Varella por abordar a desigualdade racial no contexto do câncer de mama. Gramado (RS) foi palco de um debate essencial sobre os desafios enfrentados por mulheres negras no acesso ao diagnóstico e ao tratamento da doença, além da necessidade de maior representatividade racial nas pesquisas clínicas oncológicas.

Dados alarmantes reforçam a urgência do tema: apesar de mais da metade da população brasileira ser negra (pretos e pardos), apenas 24% das mulheres que realizam exames de mamografia pertencem a este grupo. Em contrapartida, as mulheres negras representam 47% dos casos graves de câncer de mama, de acordo com um estudo realizado pelo Instituto Avon em parceria com o Observatório de Oncologia, com base em dados do DATASUS entre 2015 e 2021.

Conforme o Portal, outro estudo, publicado na revista Breast Cancer Research and Treatment, revelou que mulheres negras no Brasil são diagnosticadas em estágios mais avançados da doença e apresentam índices de mortalidade três vezes maiores em comparação com mulheres brancas. Nos Estados Unidos, a mortalidade por câncer de mama é 40% maior entre mulheres negras, evidenciando que a desigualdade racial é um fenômeno global.

Durante o Cura Talks Breast, a Dra. Ana Amélia Viana, oncologista clínica e coordenadora do Comitê de Diversidade da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), destacou que as barreiras de acesso e a falta de representação nas pesquisas clínicas dificultam significativamente a jornada das mulheres negras em busca do diagnóstico precoce e do tratamento adequado. "Para mudarmos esse cenário, é fundamental que as pesquisas clínicas sejam mais inclusivas e reflitam a diversidade da população brasileira", afirmou.

Confira o conteúdo no Portal Drauzio Varella, clicando no link: https://drauziovarella.uol.com.br/oncologia/cancer-de-mama-mulheres-negras-enfrentam-desigualdades-no-diagnostico-e-tratamento-da-doenca/

Perspectiva global sobre equidade e avanços científicos: desafios e caminhos

O Dr. Carlos Barrios, médico oncologista, diretor do Grupo Latino Americano de Investigação Clínica em Oncologia (LACOG) e pesquisador do Grupo Oncoclínicas e do Hospital São Lucas da PUC-RS, também participou do Cura Talks Breast Gramado, trazendo contribuições fundamentais no campo das pesquisas clínicas. O Dr. Barrios é mentor e presença constante nos eventos do Instituto Projeto CURA, colaborando para avanços significativos na área da Oncologia e fez a sua contribuição sobre o assunto:

A evolução do ser humano nas interações sociais tem proporcionado avanços formidáveis em diversas áreas. Tecnologias inovadoras, que permitem melhor controle de doenças, desenvolvimento de novos medicamentos e o aumento da produção de alimentos, têm contribuído para uma elevação significativa da expectativa e da qualidade de vida. Vivemos mais e melhor, reflexo de esforços coletivos em ciência, tecnologia e cooperação global.

Entretanto, é impossível ignorar que os benefícios desses avanços não estão distribuídos de forma equitativa. Discrepâncias no acesso e na disponibilidade de recursos essenciais representam um desafio universal e resultam em desigualdades marcantes entre diferentes países e, muitas vezes, até entre regiões de um mesmo país. Minorias étnicas, raciais e grupos sociais estigmatizados frequentemente ficam à margem, sendo privados de uma participação plena nos avanços que deveriam beneficiar a todos.

Esse panorama não afeta apenas minorias, mas também grandes parcelas da população mundial que vivem fora de regiões privilegiadas, onde o acesso a tecnologias de ponta e cuidados básicos ainda é um luxo distante. Assim, a inequidade, mais do que um problema pontual, se tornou uma característica estrutural que define nossa sociedade global.

Reconhecer essa realidade é o primeiro passo para buscar mudanças. No entanto, é fundamental evitar simplificações. As desigualdades possuem múltiplas dimensões, e propor diagnósticos definitivos ou soluções únicas seria ingênuo. A abordagem deve ser individualizada e contextualizada. Cada um de nós pode identificar as inequidades ao seu redor e atuar localmente, buscando resolver pequenos desafios que, somados, têm o potencial de criar transformações significativas.

Na área da pesquisa clínica, particularmente no campo da oncologia no Brasil, há um esforço crescente para incluir populações historicamente desassistidas. A comunidade médica, por meio de iniciativas como o Projeto Cura e o LACOG, trabalha com um propósito claro: desenhar e conduzir estudos que abordem questões cruciais para todos, especialmente para minorias e populações marginalizadas. O compromisso vai além de gerar conhecimento; é criar soluções transformadoras que impactem vidas de forma ampla e inclusiva.

Essa tarefa, entretanto, é complexa e não pode ser realizada de forma isolada. Ela exige a colaboração ativa de diversos segmentos da sociedade. Construir uma cultura de cooperação, onde cada indivíduo, instituição e setor contribua de acordo com sua capacidade, é essencial. Somente com a união de esforços conseguiremos avançar para um mundo mais justo e igualitário.

O Projeto Cura e o LACOG são exemplos concretos dessa visão. Essas plataformas oferecem oportunidades para a participação ativa de todos os interessados, promovendo inclusão e mobilização em torno de um objetivo comum: reduzir as desigualdades em saúde e garantir que os avanços da ciência beneficiem verdadeiramente a todos. Apoiar essas iniciativas é investir na construção de uma sociedade mais equitativa, impulsionada pelo sonho, dedicação e liderança de voluntários comprometidos.

Trabalhar juntos, com solidariedade e propósito, é o caminho para alcançar um futuro mais justo e promissor para toda a humanidade.

O papel do Instituto Projeto CURA

A Dra. Heloísa Resende, presidente do Comitê Científico do Instituto Projeto CURA, reforçou o compromisso da organização em fomentar pesquisas clínicas que tragam respostas relevantes para a oncologia. "O Instituto CURA atua em três áreas principais: educação e conscientização para o público leigo sobre os benefícios das pesquisas e os direitos dos participantes; debates com lideranças de opinião para identificar entraves nas pesquisas clínicas; e captação de recursos para projetos acadêmicos."

Um exemplo é o Estudo Impacto da extrema vulnerabilidade social & câncer de mama: um estudo de base populacional no Brasil, liderado pelo Dr. Max Mano e apoiado pelo Instituto Projeto CURA. Este projeto visa analisar o impacto de fatores sociais nos resultados do tratamento do câncer de mama no Brasil, auxiliando médicos a entenderem melhor as particularidades de suas pacientes e seus contextos sociais.

Impacto e mobilização

A desigualdade racial no câncer de mama é um reflexo das barreiras históricas enfrentadas pela população negra no Brasil, que incluem menor acesso à saúde, diagnósticos tardios e tratamentos menos eficazes. O Cura Talks Breast se mostrou um evento essencial para promover discussões sobre soluções que podem mudar este cenário, além de reforçar a importância da inclusão de mulheres negras em estudos clínicos.

Ao reunir especialistas e fomentar debates construtivos, o Instituto Projeto CURA reafirma seu compromisso com a redução das desigualdades e a construção de um futuro mais justo e igualitário para todas as mulheres.

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