28/4/2021

O câncer na juventude

Na juventude nos sentimos imunes, estamos descobrindo o mundo, quem nós somos e temos toda a vida pela frente. É comum que nesse período da vida a preocupação com a saúde seja algo distante, uma questão para pessoas mais velhas. Infelizmente, o câncer é uma doença que atinge a todos, inclusive os mais jovens, que se sentem tão invencíveis nessa idade.

De acordo com o médico oncologista Dr. Eduardo Romero, “as pessoas costumavam acreditar que o câncer era do uma doença de pessoas mais velhas, já que era mais comum na terceira idade. Hoje, infelizmente, isso mudou drasticamente. Cada vez mais vemos jovens com câncer, muito devido às mudanças no estilo de vida como: alimentação inadequada, sobrepeso/obesidade, sedentarismo e estresse”.

O Oncoguia aponta que entre os cânceres mais comuns em adolescentes, com idades entre 15 e 19 anos, estão: Linfomas, Leucemias, Câncer de tireoide, Tumores cerebrais e de medula espinhal, Câncer de testículo, Tumores ósseos e sarcomas de partes moles, Melanoma e Câncer de ovário.

Já entre os adultos jovens, com idades entre 20 e 39 anos, estão: Tumores cerebrais e da medula espinhal, Câncer colorretal, Câncer de testículo, Câncer de tireoide, Cânceres do trato genital feminino, Tumores ósseos e Sarcomas de partes moles, Melanoma, Linfomas e Câncer de mama.

Podemos observar esse quadro alarmante ao analisarmos estudos norte-americanos e brasileiros realizados nos últimos anos. O primeiro estudo em questão foi feito pela Faculdade de Medicina da Universidade da Pensilvânia coletou dados de quase meio milhão de pacientes entre 15 e 39 anos com câncer, entre 1973 e 2015, e descobriu que os casos câncer nos jovens aumentaram 30% nas últimas quatro décadas o que torna o câncer a principal causa de morte relacionada a doenças nessa faixa etária. O estudo completo pode ser encontrado aqui.

No Brasil, durante o Fórum Big Data em Oncologia (2019), o aumento dos casos de câncer na população entre 20 e 49 anos, de 1997 a 2016 chamou a atenção de especialistas. Nesse período, a incidência por ano do câncer da glândula tireóide registrou uma elevação de 8,8%, o de próstata 5,2% e o de cólon e reto 3,4%. Os dados fazem parte do estudo elaborado pelo Observatório de Oncologia, que teve como tema Câncer antes dos 50: como os dados podem ajudar nas políticas de prevenção. De acordo com o estudo, houve aumento ainda na mortalidade por alguns tipos da doença. O maior percentual foi de câncer no corpo do útero, que subiu 4,2% por ano; seguido por cólon e reto com 3,2%, mama 2,5%, cavidade oral 1,2% e colo de útero 1%. (Informações da Agência Brasil)

O Dr. Eduardo Romero ainda destaca que “no Brasil, além do aumento de casos também temos aumento da mortalidade, isso devido às dificuldades que enfrentamos em nosso país quanto ao acesso à saúde, tanto para prevenção, rastreamento, diagnóstico precoce e tratamento adequado”. O oncologista ainda reforça que “o câncer não escolhe idade, sexo, raça, religião e local, ele está presente na nossa vida cada vez mais. Portanto, faça seus exames de rotina, compareça sempre ao seu médico(a) e discuta com ele(a) se na sua idade existem exames que possam ser realizados para rastreamento e diagnóstico precoce do câncer. Fique sempre atento a sintomas que podem ser sugestivos de neoplasia, mas não espere sintomas para ir ao médico, vá de rotina a ele(a)”.

Abaixo estão alguns exemplos de exames e vacinas selecionados pelo Dr. Eduardo Romero que podem colaborar com a prevenção e tratamento precoce de alguns tipos de câncer:

- Câncer de mama: exame de Mamografia (início aos 40 anos ou antes se houve a presença nódulos na mama ou história familiar de neoplasia) e US de mamas (todas as idades)

- Câncer de colo uterino: papanicolau, citologia oncótica ou exame de prevenção (início aos 25 anos)

- Câncer de intestino: colonoscopia ( início aos 45 anos ou antes se sintomas ou história de familiar)

- Vacina HPV: meninos de 11 a 14 anos e meninas de 9 a 14 anos (disponível no SUS). A vacina pode prevenir o surgimento de câncer de colo uterino, vulva, vagina, pênis, ânus e cabeça e pescoço (orofaringe)

O conteúdo desse texto é de cunho informativo e não substitui o laudo médico. Caso apresente algum dos sintomas descritos acima, um médico deverá ser consultado.

Texto por Letícia Barbosa

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